"Psicopatia é o termo mais popular para nos referirmos à sociopatia, distúrbio que se caracteriza pela falta de consciência (característica mais fundamental dos seres humanos), e que é bem mais comum do que imaginamos, atingindo uma em cada 25 pessoas.
Entre seus princípais "sintomas" estão: incapacidade de adequação às normas sociais; falta de sinceridade e tendência à manipulação; impulsividade; irresponsabilidade persistente e ausência de remorso.
Apesar de a psicopatia ser mais comum do que se imagina, a maioria das pessoas não sabe nada sobre esse distúrbio e é incapaz de reconhecer os psicopatas não violentos que nos cercam. Os psicopatas não sentem culpa, compaixão, empatia ou amor, e são capazes de mentir, enganar, manipular, roubar, e até coisas piores, para atingirem seus objetivos. O sangue frio que corre em suas veias é tão bizarro, tão completamente alheio à experiência dos outros, que eles nem sequer suspeitam de seu transtorno.
Embora saibam o que é certo ou errado, os sociopatas simplesmente não se importam com isso. Conhecem as regras da sociedade e entendem como nós, pessoas com consciência, agimos e pensamos - e lançam mão disso para nos manipular e circular despercebidos em nosso meio.
São indivíduos maléficos, que podem estar onde menos se imagina: um profissional ambicioso, que passa por cima de todos para conquistar o sucesso, um executivo que maquia o balanço da empresa e inventa mentiras sobre os colegas, alguém que vive às custas dos outros, um marido agressivo, um pai que maltrata os filhos, um chefe que humilha os funcionários, e assim por diante...
Acredito que se imaginar na pele de qualquer uma dessas pessoas pareça uma insanidade, porque todas elas são perigosamente loucas. No entanto, são reais. Muitos profissionais especializados em saúde mental se referem à pouca consciência ou à sua total ausência como "Transtorno da Personalidade Antissocial", uma incorrigível deformação de caráter que deve ser cogitada quando um indivíduo apresentar, no mínimo, 3 das 7 características a seguir:
1- Incapacidade de adequação às normas sociais
2- Falta de sinceridade e tendência à manipulação
3- Impulsividade, incapacidade de planejamento prévio
4- Irritabilidade, agressividade
5- Permanente negligência com a própria segurança e a dos outros
6- Irresponsabilidade persistente
7- Ausência de remorso após magoar, maltratar, ou roubar outra pessoa.
A combinação de 3 desses "sintomas" é suficiente para levar muitos psiquiatras a considerarem o distúrbio.
Um dos traços mais frequentemente observados é um desembaraço e um charme superficial que tornam o verdadeiro sociopata sedutor para outras pessoas, figurativa, ou literalmente - uma espécie de brilho ou carisma que, à princípio, pode fazê-lo parecer mais encantador ou interessante do que a maioria dos indivíduos normais à sua volta. Ele é mais espontâneo, mais envolvente, de alguma forma, mais "complexo", sexy ou divertido do que qualquer outra pessoa. Às vezes esse "carisma sociopático" vem acompanhado de uma idéia exagerada do próprio valor que pode soar atraente de início, mas que, depois de um exame mais detalhado, acaba parecendo estranho ou até mesmo risível ("Um dia o mundo vai perceber como sou especial" ou "Você sabe que, depois de mim, nenhum outro amante vai satisfazê-la.")
Além disso, os sociopatas têm uma necessidade de estímulo maior que a normal, o que os leva a correr frequentes riscos sociais, físicos, financeiros ou jurídicos. Costumam ser capazes de induzir outras pessoas a os acompanharem em suas empreitadas arriscadas e, como grupo, são conhecidos por mentir, e enganar de modo exagerado e doentio, assim como por estabelecer uma relação parasitária com seus "amigos". Independentemente de quão instruídos ou bem posicionados sejam na idade adulta, podem apresentar um histórico de problemas comportamentais precoces, que à vezes inclui o uso de drogas ou episódios de delinquência juvenil e no qual a incapacidade de assumir a responsabilidade por quaisquer erros tem a presença garantida.
Os sociopatas se destacam, sobretudo, pela superficialidade da emoção, pela natureza vazia e transitória de quaisquer sentimentos de afeto que possam alegar e por uma insensibilidade surpreendente. Eles não demonstram nehum sinal de empatia nem de interesse genuíno em se envolver emocionalmente com um parceiro. Uma vez retirada a camada superficial de charme, seus casamentos são sem amor, unilaterais, e, quase sempre, de curta duração. Se o sociopata valoriza minimamente o cônjuge é porque o vê como uma posse, se perdê-lo, ficará furioso, mas jamais triste ou culpado.
Todas estas características, aliadas aos "sintomas" listados pela Associação Americana de Psiquiatria, são manifestações comportamentais do que para a maioria de nós é um distúrbio psicológico inimaginável: a ausência do nosso sétimo sentido, a consciência.
Um transtorno louco e assustador - e real para cerca de 4% da população."
(Texto retirado da obra de Martha Stout, Ph.D.)
"As mentes diferem ainda mais que os rostos." (Voltaire)
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